O Encontro GelAvista realizou-se nos dias 10 e 11 de outubro de 2022, reunindo observadores deste programa de ciência cidadã, investigadores, estudantes de biologia e outros interessados no auditório do IPMA-Algés e através de videoconferência.
A iniciativa dividiu-se em dois momentos distintos, o primeiro dedicado à ciência cidadã, reservando-se, pela primeira vez, o segundo dia, à apresentação de trabalhos científicos relacionados com a temática dos gelatinosos.
A diretora do Departamento do Mar e Recursos Marinhos do IPMA, Ivone Figueiredo, deu início à 7.ª edição do evento, dando as boas-vindas aos presentes e salientando a importância deste projeto que monitoriza, desde 2016, as espécies de gelatinosos que ocorrem em Portugal, com a ajuda dos cidadãos. Como sempre sucede, o encontro compreendeu a apresentação do GelAvista e dos mais recentes dados recolhidos no âmbito do programa que, graças à colaboração dos seus observadores, já registou mais de 12300 avistamentos.
Ainda no primeiro dia, tivemos como convidado especial o biólogo marinho e fotógrafo Nuno Vasco Rodrigues, que falou sobre o poder da imagem na conservação do Oceano, dando a conhecer o fantástico trabalho que tem vindo a desenvolver nesta área um pouco por todo o mundo.
De seguida, André Reis, Mónica Albuquerque e Sidónio Paes foram distinguidos com o Prémio Medusa d’Ouro, que premeia os melhores contributos para o projeto do ano corrente, enquanto José Azevedo recebeu o Prémio de Mérito e Dedicação GelAvista pelos serviços prestados, desde 2016 até à data, enquanto observador de excelência.
Na ocasião, foi lançado o projeto “FitoAvista”, que pretende, à semelhança do GelAvista, obter informação sobre a cor da água do mar e da presença de espuma, indicativos da presença de fitoplâncton marinho, a fim de monitorizar de uma maneira mais extensa a ocorrência de blooms destas espécies.
O dia dedicado à componente científica começou com as palestras de duas cientistas de excelência e reconhecidas mundialmente pelos seus trabalhos com cnidários. Primeiro, a professora da Universidade de Griffith (Austrália), Kylie Pitt, explicou o trabalho que tem realizado no conhecimento das interações entre espécies, especificamente as associações com as espécies gelatinosas. Realçando como as mudanças antropogénicas no ambiente marinho, como exemplo a acidificação dos oceanos, podem interromper as associações entre as espécies gelatinosas e os organismos que se associam a elas, com implicações para a biodiversidade dos oceanos e o importante papel ecológico dos primeiros na manutenção da biodiversidade nos oceanos. De seguida a investigadora do Consejo Superior de Investigaciones Científicas (Espanha), Laura Prieto, falou sobre os seus estudos de previsão de ocorrências de gelatinosos associados a eventos climáticos extremos para ajudar a identificar e prever estes fenómenos, apoiando tomadas de gestão adaptativa a nível local e regional.
Seguiu-se, durante a tarde, a apresentação de trabalhos científicos de investigadores nacionais relacionados com a temática das espécies gelatinosas (disponíveis para consulta abaixo).
–NEWSERA – Comunicar ciência em projetos de ciência cidadã (Cristina Luís & Inês Navalhas, CIUHCT, Ciências.ULisboa);
– Classifier model for the identification of gelatinous zooplankton species (Joel Fernandes, Fernando Cassola Marques et al., Universidade do Porto);
-Jellyfish tracking in the southwestern Mediterranean Sea: a citizen science and scientific field survey alliance (Sonia Gueroun et al., MARE-Madeira);
-Jellyfish TAG, a tool to share information on jellyfish culture between public aquariums (Hugo Batista, Oceanário de Lisboa);
–Evolution in culture and maintenance techniques of Phyllorhiza punctata and Chrysaora quinquecirrha at Oceanário de Lisboa (João Lopes & Hugo Batista, Oceanário de Lisboa);
–Prey selectivity and feeding rates of the scyphozoan Catostylus tagi (Haeckel, 1869) (Joana Cruz et al., CCMAR);
–Examining historic and current diversity patterns of pelagic Cnidaria and Ctenophora in the Macaronesian oceanic island systems (Sonia Gueroun et al., MARE-Madeira);
–Identificação de uma espécie de anémona-do-mar do Pacífico na costa Portuguesa (Ana Pereira, ISPA).